segunda-feira, 2 de abril de 2012

Setembro

"Eu não tenho pressa, apesar da chuva continuo caminhando, e pareço voltar no tempo. Em um tempo que nossos corações irradiavam uma luz que para nós, seria impossível de apagar. Agora os pingos ficam mais grossos, mais eu consigo lembrar, seu sorriso tão doce, seu olhar carinhoso sempre que me esperava na varanda da sua casa. Consigo sentir o cheiro, e quando olho a rua, as casas, o pequeno parque, lembro tão nitidamente do seu rosto, lembro de quando você dizia que nada podia nos vencer, que juntos conquistaríamos o mais improvável dos milagres.Lembro dá sua fé inatingível, do seu humor sempre alegre.
Agora estou passando em frente a sua casa, as luzes estão apagadas, as plantas morrem no jardim, a entrada está repleta de folhas secas, procuro um sinal, mais no fundo eu sei que você já não está mais aqui. Volto para casa, desolado, tentando entre meu desespero encontrar um consolo. Quando acordo, juro que prefiro acreditar que tudo foi um pesadelo, e que logo você entrará pela porta sorrindo, e que me daria um beijo e eu poderia sentir a vida através do seu toque.
Eu sei que apesar do meu desejo louco de te ter mais uma vez em meus braços, não vai acontecer, mais acredite, eu sempre vou lembrar-me daquele setembro em que juntos fomos um só. Victoria Lopes

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